José Braz Matiello destaca evolução tecnológica da cafeicultura brasileira durante a Fenicafé

O pesquisador chamou atenção para o protagonismo dos produtores rurais na adoção de novas tecnologias

O pesquisador do Ministério da Agricultura (MAPA) e da Fundação Procafé , o engenheiro agrônomo José Braz Matiello, trouxe uma aula de história e técnica ao abordar a “Evolução Tecnológica da Cafeicultura Brasileira”, nesta quinta-feira(10), no último dia da Fenicafé. Com décadas de experiência dedicadas à pesquisa cafeeira, Matiello apresentou as transformações que levaram o Brasil a se consolidar como o maior produtor e exportador de café do mundo — e, mais recentemente, também como líder em produtividade. “Hoje, o Brasil não é só o maior produtor, mas também é quem tem a maior produtividade média entre os principais países produtores”, destacou o pesquisador.

As fases da cafeicultura no Brasil - Segundo Matiello, a cafeicultura brasileira passou por três grandes fases de desenvolvimento: a fase empírica: até meados do século XX, com produção basicamente manual, pouca tecnificação e baixo controle fitossanitário; a fase de modernização: a partir da década de 1970, com a introdução de mecanização, correção do solo e pesquisas mais organizadas e a fase tecnológica e de inovação (atual): marcada por cultivares melhoradas, uso de irrigação, adubação de precisão, espaçamentos racionais e colheita mecanizada. “Hoje, a produção de café não é mais baseada na tentativa e erro. Ela é baseada em ciência, em informação aplicada ao campo”, disse Matiello, reforçando a importância da pesquisa pública e do papel das instituições como a Procafé.

Inovação com raízes no campo - Matiello também chamou atenção para o protagonismo dos produtores rurais na adoção de novas tecnologias. “A tecnologia só avança quando o produtor acredita nela e a aplica. Não basta desenvolver novas cultivares ou indicar práticas de manejo. É no dia a dia da lavoura que o progresso acontece.”

Ele também mencionou os avanços no uso da irrigação suplementar e da mecanização, sobretudo em regiões do cerrado, que permitiram um aumento significativo da produtividade, com lavouras ultrapassando 60 sacas por hectare de maneira constante.

Um futuro de desafios e oportunidades - Apesar dos avanços, Matiello lembrou que os desafios permanecem: mudanças climáticas, novas pragas, custos de produção e a necessidade de se manter competitivo em um mercado global. Ainda assim, ele acredita que o caminho da inovação é irreversível. “A cafeicultura brasileira é uma das mais modernas do mundo. Nós temos o conhecimento, temos a estrutura e, principalmente, temos o produtor que faz acontecer.”

A palestra de José Braz Matiello foi um dos pontos altos da programação técnica da Fenicafé 2025, que todos os anos reúne técnicos, agrônomos e cafeicultores de várias regiões do país em Araguari, no Triângulo Mineiro.